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Dezembrite: psicóloga explica estafa que atinge muitos no fim do ano

 

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© Marcelo Camargo/Agência Brasil/Arquivo

Dezembro é um período do ano que se costuma ter muitas celebrações, mas também traz reflexões e, às vezes, algumas ansiedades, intensidades emocionais e expectativas sociais, causando cansaço e frustrações. Este cenário tem sido chamado popularmente de 'dezembrite' ou síndrome do fim do ano.

A psicóloga e fundadora da Baobá Saúde, Laíse Brito, destaca algumas questões que podem favorecer este fenômeno:

"Os excessos e a quantidade de Twitter, de fotos, compartilhamentos, de trends, de confraternizações, vai também, levando a gente para um burnout relacional, se é que eu posso dizer. É um excesso de estímulo. Nosso corpo fica hiperativado. Parece que eu tenho que ir para três amigos secretos num único final de semana e eu vou ter que dizer palavras bonitas para aquelas pessoas. É muita gente, é muita coisa para lidar. 'Saber um pouco de si, de repente, né, começar um pouco antes, novembro, e seguir até janeiro. Porque tem que ser só dezembro? Eu não posso seguir fazendo esse fechamento e abertura de ciclo no mês seguinte ou no mês anterior? Então, dar um espaço para o corpo respirar, dar um espaço para o corpo sentir, né? Mobilizar, mas também acomodar aquela experiência do que acessou", diz

A psicóloga também comenta sobre a necessidade de fazer uma retrospectiva de forma a reconhecer ganhos e perdas, sem cobranças:

"A ideia, né, é muito organizadora de construir metas, traçar planos para o ano seguinte, acho que isso dá um caminho bacana, mas ele também pode ser, né, essa via aí de mão dupla, também muito ansiogênica quando vai finalizando o ano e a pessoa começa a se cobrar, e começa essa questão da performance, né, dos cases de sucesso, de realização, e parece que todo mundo virou muito realizador e conquistador nessa retrospectiva. É natural a gente fazer uma retrospectiva e importante, acho que tem seu nível de saúde, quando a gente faz a retrospectiva dos nossos sucessos, dos nossos ganhos, reconhecendo os nossos movimentos. A gente não costuma fazer retrospectiva dos pontos a melhorar, dos erros, dos fracassos, dos lutos, dos insucessos", fala.

Laíse Brito recomenda dar espaço a tudo o que foi vivido, sem a exigência do sucesso:  

"Eu sinto ser saudável e oriento as pessoas — e é um movimento que eu faço também pessoal — de olhar para o ano e dizer: poxa, aquele mês foi mais assim, delicado; teve aquela conquista que foi incrível, celebrei tal coisa; nossa, mas vivi tal luto também; teve aquele afastamento da pessoa querida; pô, mas eu conheci tal pessoa nova. Assim, de dar espaço, abrir espaço afetivo-emocional na nossa existência para considerar tudo o que a gente viveu. Isso é muito saudável. A exigência do sucesso é um dos principais pontos que acarretam o sofrimento emocional, pois muitas vezes não se valida a sobrevivência aos momentos difíceis como um sucesso em si. Uma orientação final para evitar esse estado emocional é conhecer a si mesmo.", aponta.

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